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2 de junho de 2013

Parada Gay pra que?

(opinião)

Para onde vamos?


Hoje, 02 de junho de 2013 acontece em São Paulo mais uma edição da 'Parada do Orgulho Gay' e eu daqui do meu quarto, não terei muitas notícias. Não se trata que perdi a militância ou estou indiferente, o fato é que não sei onde isso vai chegar...

A 'parada' já deixou de ser protesto, revindicação, afirmação, orgulho ou o que queiram chamar a muito tempo. O que vemos hoje na avenida Paulista, tornou se um evento, onde os participantes cantam e dançam, desfilam fantasias e fazem coisas sem o menor sentido. Não há caráter político e muito pouco se vê de militância. A cidade lucra, os participantes de divertem, a polícia militar tem trabalho e 'amanhã'; dia útil; tudo volta ao normal.

A cidade de São Paulo já tem em seu calendário a 'Semana do Orgulho Gay', programação de acontecimentos  que somados e culminando com a parada fazem do evento o terceiro maior da cidade tanto em participação quanto em arrecadação. Hotéis com carga máxima de ocupação, restaurantes cheios, lojas vendendo, eventos lotados e dinheiro entrando para os cofres da alegre São Paulo. Se depender da prefeitura paulistana, estes 'dias dos gays' jamais acabarão.
Turistas chegam aos montes, os eventos do 'orgulho' só perdem em visitantes e arrecadação para a Feira do Automóvel e para o fim de semana da Fórmula 1. Economicamente é um sucesso!

Sentido...

Em sua 17ª edição, esta parada tem de certa apenas a orientação do trajeto do desfile na Paulista. Sabe se que sairá do número 900 com sentido a Praça da República. Então que sentido teria eu para ir a mais esta edição? NENHUM! Acho que eu levaria minha militância quase que solitária e acabaria também me empolgando e dançando como a geral. Não haveria sentido nisso.

Eu acredito que este modo de mobilização já deu seus frutos e esta na hora de uma reinvenção. São Paulo já elevou o Brasil como tendo a 'maior parada gay do mundo', toda visibilidade e impacto já foram conseguidos. Mudanças na visão geral já são nítidas, vitórias no campo intelectual e cultural também... A vida dos gays paulistanos e brasileiros desde 1996 (primeira edição da parada, com poucos corajosos em SP) já mudou muito. Hoje temos direitos a nos unir em parceria, gays frequentam as casas dos telespectadores na novela das 8, famosos saem do armário em rede nacional e o debate franco justo ou injusto acontece amplamente e abertamente. É fato de nem tudo são flores rosas e cheirosas, existe uma enormidade de deformações nesse caminho, temos homofobia, temos desprezo, temos crimes...
Precisamos de uma reinvenção no modo de nos mostrar. Que não se acabe com a 'parada', mas que se mude o foco dela. Que não se mude o jeito gay de festejar, mas festas sejam feitas com propósito. Deveríamos tirar um pouco os olhos da Paulista e lançar sobre Brasília, onde muitos bradam fortemente contra a comunidade LGBTS e POUCOS miam a nosso favor... Se representamos um grupo que trás tantas divisas aos cofres da cidade de São Paulo, se o evento é um sucesso, por que não transferir este engajamento em uma representação digna e justa de nossos direitos no Congresso? Por que não usar a forte exposição na mídias, novelas, cinema a nosso favor? Por que não calamos a boca dos contrários sem base com fatos e feitos que realmente nos beneficiem ao invés de nos divertir? - Sei lá, acho que mais militância não deixará chata nossa festa...

Não vou para a Paulista hoje, talvez não irei o ano que vem também  até sentir que temos rumo pra seguir... Bom 'pride' pra você que vai.

Paulo Franco, paulistano, 44, Engº Eletro., gay.

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