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26 de março de 2017

ELTON 70


Eu sou lembrado costumeiramente por 3 atributos:

1) Ser fã do super herói da Marvel, Homem de Ferro;
2) Ter sido um baladeiro terrível (sic) e amante das noitadas;
3) Ser admirador/colecionador/seguidor/fã louco (sic) de ELTON JOHN.

Ontem, 25 de março Elton comemorou seus 70 anos! Um sobrevivente.
Não se pergunta para um fã do por que uma data como essa; ligada a seu ‘ídolo’; é importante. Surgirão caras e bocas e no fundo fica meio óbvio.
Ok cabem explicações… Elton chegar aos 70 anos é muito mais que um aniversário. Elton é um sobrevivente. Um músico que permanece ativo,
compondo, fazendo muitos shows, isso por décadas. Aposentadoria parece mesmo que não lhe cabe bem, isso num mundo musical onde há um seleto grupo de setentões ainda na ativa.
2017 também é importante pra ele pois a marca de 50 anos de carreira foi alcançada. O dueto com seu amigo/letrista Bernie Taupin, salvo uma breve separação, rendeu aos dois marcas mais que expressivas, marcas mais que históricas, essa parceria elevou a dupla ao patamar de uma das duplas mais importantes de compositores do mundo da música internacional.
Repito que Elton é um sobrevivente pois atravessou as loucuras dos anos 70, as mudanças dos anos 80, a diversidade dos anos 90, entrou nos anos 2000 ativo e permanece ainda como ícone de gerações. Sobreviveu aos abusos de álcool e drogas, sobreviveu as mudanças de estilos da moda, sobreviveu as mudanças na industria fonográfica e ainda diversificou seus trabalhos indo pro cinema, teatro e televisão.

Estas mudanças lhe renderam um Oscar por ‘O Rei Leão’ em 1995 e prêmios de igual magnitude no teatro. Venceu 7 Grammys, numa época onde a música não era tão mundial assim e os americanos não costumavam premiar artistas que fossem forasteiros e Elton é inglês. Ele continua vendendo discos, num mercado cada vez mais restrito para prensagens. Ele vende também em música digital, continua compondo e sobretudo tem planos futuros em sua carreira.

Títulos ele também tem, muitos… Inspirador de astros do pop/rock de hoje, Elton John não esconde que gosta de trabalhar. Já se apresentou em mais de 90 países e sempre bate na tecla que não ficará satisfeito enquanto não passar dos 100. Megalomania de um astro? Prefiro dizer que é vontade de trabalhar.. Talvez eu nem precisasse dizer que em qualquer enciclopédia que fale de música contemporânea, o nome Elton John merece um capítulo todo seu. Um artista diverso, contestado, amado, idolatrado por todos os seus fãs. O baixinho, míope, careca e gorducho que no final dos anos 60 se meteu na turma do rock e se tornou um ícone.

É de Elton John a musica mais vendida de todos os tempos, ‘Candle in the wind’, dedicada a Princesa Diana. É dele o título de primeiro artista a colocar um disco em primeiro lugar na parada americana sem nem mesmo ter lançado o álbum: ‘Capitain fantasntic and the brown dist cowboy’ de 1975. Sua versão para a Broadaway de “O Rei Leão” da Disney, foi o primeiro musical a bater a marca de 1 bilhão de dólares em bilheteria. Elton John inaugurou a era de multidões em shows, levando
mais de 400 mil pessoas a uma aprestação gratuita no Central Park de Nova York em 1980. Lota estádios por onde passa. A música e os artistas mudaram por conta dele, algo que só veio a ocorrer novamente com Miahael Jackson. Lady Gaga se declara abertamente te-lo como inspiração.

Elton John é ‘O’ benemérito. A fundação que leva seu nome, “Elton John AIDS Fundation”, que funciona desde 1992, ajuda ativamente portadores e entidades que lida com a doença nos quatro cantos do mundo. Elton promove show que arrecadam fundos, promove a mais badalada festa de pós Oscar em prol da causa, destina parte dos rendimentos de
seus shows e venda de discos para caridade. Elton foi modificado por esta causa e diz sempre que esta doença modificou sua vida, mesmo não sendo portador de AIDS. A doença levou seus mais íntimos amigos e companheiros de profissão. Ele conta todas as histórias de perdas e esperança num livro que escreveu: “O amor é a cura.”. 
Elton abriu seu coração e mostra o quanto se modificou desde então.

Para nós fãs isso é muito aparente e significativo. Por isso este 25 de março foi importante para todos nós pois desejar saúde e felicidade para Elton John é mais que um presente, é a certeza de que nossas vidas ficarão mais alegres quando ele sentar em seu piano e tocar ainda por alguns anos.
PARABÉNS SIR ELTON JOHN!


12 de março de 2017

'As invisíveis Dandaras'

Dandara


Houve uma morte, filmada, visualizada nas redes sociais… Brutal, cruel… Pensada… Dandara, de 42 anos foi a vitima. Motivo? Ser trans…

Segundo o Grupo Gay da Bahia, em 2016, 144 travestis e transexuais foram assassinadas no país. Neste ano, que está apenas no seu terceiro mês, já são 23. Eles formam o segundo grupo mais atingido entre vítimas fatais de ataques homofóbicos em 2016. Dos 343 assassinatos de pessoas LGBT, 173 eram gays (50%), 144 (42%) trans (travestis e transexuais), 10 lésbicas (3%), 4 bissexuais (1%), além de 12 heterossexuais também em crimes homofóbicos – eram amantes de transexuais, chamados “T-lovers”.

Estatísticas oficiais não existem. Leis de proteção aos LGBTs, não existem. Direitos foram conquistados nos últimos anos, mas ser LGBT no Brasil ainda é ser quase que invisível.

A morte de Dandara chocou as redes sociais. Chocou até no exterior… Chocou pela brutalidade, pelo doloroso desrespeito aos direitos humanos, pela forma consciente dos agressores… Ela era uma trans e foi morta por ser trans.

Ser LGBT no Brasil atual é risco, a crescente intolerância e desinformação da sociedade transformam a individualidade em pesadelo. Zilhões de discussões se seguem e gays brasileiros seguem na invisibilidade. Sem estatísticas oficiais, sem legislação apropriada os números de mortes só crescem. Grupos de defesa das minorias, grupos de direitos humanos e os poucos políticos brasileiros que defendem as minorias fazem coro para uma mudança rápida na legislação, porém são vozes abafadas dentro do poder público. O descaso dos legisladores e também do judiciário travam avanços importantes na manutenção da dignidade e proteção de todos os LGBTs. Nenhum de nós esta imune a violência.

As dificuldades só crescem, desde o pouco engajamento dos próprios gays, a crescente onda fundamentalista  religiosa, até a falta de proteção jurídica. O estado brasileiro por muitas vezes é criticado por criar legislações específicas para grupos minoritários, porém sem essa alternativa, grupos inteiros sofrem violências contínuas. Vale lembrar que a Lei Maria da Penha, que ampara contra a violência contra a mulher foi muito contestada e veio; mesmo que tarde; para amparar não uma minoria, mas uma maioria dos habitantes do Brasil, que mesmo assim ainda sofrem enormemente. Algo precisa ser feito rápido.

Ter visto a trágica gravação do crime, me doeu profundamente. Eu, um paulistano de 49 anos, quis sentir na pele a que ponto chega a insanidade de alguns… Eu quis que doesse em mim também simplesmente para poder ter a certeza de que é preciso resistir, SEMPRE! Quiser eu que doesse também, nos donos do poder publico; não falo dos políticos somente; falo dos reais donos, o povo, a sociedade que esta alheia a fatos como esse.

Muitos brasileiros morrem todos os dias com a escalada da violência mas morrer por motivo explícito, morrer por ser gay, lésbica, travesti, transsexual ou bissexual é um fato que não pode mais estar invisível no número geral da violência no Brasil. Morremos a cada morte de um dos ‘nossos’. Morremos e a invisibilidade persiste.

Se o caso Dandara não tivesse chegado as redes sociais, talvez, nós aqui do sudeste não saberíamos da barbárie, como não sabemos dos inúmeros casos que acontecem Brasil a fora. Maria da Penha, um dia teve voz e foi ouvida. Esta na hora de alguma ‘Dandara’ ser ouvida também.

Chega de invisibilidade!


Para Dandara 1975 - 2017


Paulo Franco