(cidadania)
LGBTS :
'Minoria sem número,
retrato social sem rosto'
Quanto somos no Brasil?
Falar que somos 'muitos' é algo muito vago, mas infelizmente
não existem estatísticas que quantifiquem qual o tamanho da comunidade LGBTS no Brasil. Alguns poucos dados advindos do último censo do
IBGE em 2010 e pesquisa da Universidade de São Paulo, registram informações, porém ainda é muito pouco para servir de parâmetro confiável.
Os organizadores da 'Parada do Orgulho Gay' de São Paulo aclamam
que em seu pico de prersença, o evento chegou a reunir uma multidão
de 4 milhões de pessoas aproximadamente. Como a Polícia Militar
Paulista sempre divergiu desse número anunciado, por si só
e pelo fato de que não apenas 'gays' participarem do evento,
fazer de parâmetro esta 'festa', não resolve nosso dilema.
A presença na Parada Gay Paulista garante apenas o tom de visibilidade, mas afirmar quem é ou não gay dentro do evento,
nunca foi e dificilmente será contabilizado.
Bandeira do arco-íris
Números do IBGE
Os dados coletados pelo IBGE no censo de 2010 também
não são definitivos para que se possa determinar um número
perto da realidade. É certo que o ceso não tem especificamente
esta função, mas pela primeira vez em sua história, considerou
entre as perguntas feitas a população, questões ligadas a opção sexual
e a condição de vida a dois de indivíduos do mesmo sexo.
Louvável e necessária a preocupação do IBGE, porém como o censo
é uma pesquisa amostral e depende unicamente da veracidade das respostas coletadas, os números obtidos sobre LGBTS não possibilitam maiores conclusões a não ser a existência de indivíduos que se declararam
homossexuais e assumiram união estável com seus conjuges de mesmo sexo. Em números preliminares divulgados, o IBGE quantificou a existência de 60.000 casais declarados em 'união estável' com seus parceiros.
Este número divulgado é muito reduzido, mas sabemos que não entraram
nessa estatística aqueles que omitiram sua condição, por vários motivos que também sabemos, preferindo permanecer no armário e fora das estatísticas sociais. O medo da homofobia, pressão social, familiar, trabalhista, são ainda, entre outros um entrave para que o indivíduo se assuma socialmente e lute pelos seus direitos.
Dados da USP
Em pesquisa feita pela Universidade de São Paulo em 2009
tentou se medir a proporção de gays entre a população
de algumas capitais brasileiras.
A pesquisa disse que 19% dos homens do Rio de Janeiro
são gays ou bissexuais. Um número surpreendente!
Isso significa que se levarmos em conta a população masculina do Rio,
1 em cada 5 seria gay ou bi. Comprovada a veracidade da informação, seria sem dúvidas um número muito expressivo, porém não pude conferir os critérios usados para atestar a confiabilidade dos dados.
Ainda na pesquisa da USP, Belo Horizonte teria 10% dos homens e curiosamente 7,7% em São Paulo. Segundo a USP então a capital Carioca é a cidade mais gay do Brasil, deixando para traz São Paulo dita por muitos como a cidade mais moderna e que concentra o maior número de tribos urbanas do país.
Veja a pesquisa da USP neste link.
Dados internacionais também são insuficientes
Existe uma média estipulada por organismos internacionais
de 5% de homossexuais como componentes da população
de diversos países. Este número também não pode ser comprovado, pois não consegui fonte para saber em que bases foram feitos.
Para o Brasil, a USP mostra apenas o índice de capitais, que são
os redutos das comunidades gay e talvez por isso os números absolutos se tornem maiores levando em consideração i vasto interior país a fora.
Nunca foi feito uma pesquisa levando em consideração uma abrangência
de municípios a nível nacional.
É fato que fazer uma pesquisa abrangente com gays
nível nacional é muito complicado.
Muitos não revelam a verdadeira sexualidade pela paranóia de sempre: medo de ser descoberto e coisa e tal, apesar
de as pesquisas serem geralmente anônimas.
Sendo assim, passamos como minoria sem número, sem retrato social
e claro que isso não é algo que devamos cobrar do Brasil.
A cobrança deveria partir de nós mesmos.
Retrato social
Vejam a importância de uma ampla pesquisa entre os LGBT:
Surgiria um mapa nacional de conscentração, um retrato de como somos
e onde somos. Políticas apropriadas a cada região poderiam ser criadas, ações contra a homofobia implementadas levando se em conta a cultura e os índices não só das grandes capitais, mas do interior que fica oculto.
A sigla LGBT deixaria de ser uma minoria sem número
e um retrato social sem rosto.
União: Uma visibilidade viável.
A mobilização LGBT só será plenamente atingida, quando nós mesmo pudermos ter um auto-retrato de quem somos, quanto somos. Pleitear direitos civis é sim digno e nossa luta precisa estar amparada em dados concretos, muito além das estatísticas cruéis de violência e desrespeito Brasil a fora. A visibilidade abre portas, mas as entradas são muitas.
Todos os motivos que fazem muitos de nós permanecerem nos 'armários da vida' só serão vencidos, a partir do momento que deixarmos de ser uma sigla irmanada por anseios, para nos tornarmos coletividade plenamente identificada e com consciência civil concreta.
Um retrato visível, não só nas manifestações de 'pride', será ferramenta fundamental para romper a inércia do poder público e a ignorância das autoridades que insistem em não ver que o Brasil é plural e dessa pluralidade um dia se fez uma nação.
A luta é árdua, mas nunca
deverá ser abandonada!
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˙˙·٠•○ eu sou a lenda ☠ eu não presto○•٠·˙˙™