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29 de abril de 2014

Sobre bananas, macacos, merda o recalque alheio

Opinião

"Sobre bananas, macacos, merda 
e o recalque alheio."


Tenho comigo uma tese bem clara; a anos; sobre boa parte de nós brasileiros:
Sofremos da síndrome do 'vira-latas'... Tudo bem, isso é um tanto quanto histórico, mas mesmo os vira-latas convictos, avançam quando provocados, enxotados e maltratados por estranhos.
Ser brasileiro nesses dias de pré Copa do Mundo esta difícil mesmo. Não bastasse a 'viralatisse' adquirida com anos de' beija mão' aos 'ricos' e 'desenvolvidos', agora afagos mil nos atingem fazendo de nossa condição diversa um bananal de distorções e equívocos.
Houve um tempo em que o mundo acreditava piamente que pelas ruas de São Paulo poderiam ser vistos índios e onças, que 'Carmens Mirandas' saiam requebrando pelas grandes cidades ou que Pelés nasciam como grama nos campos nacionais... Pois bem, nem as décadas ou o estrelato de tantos ícones brasileiros conseguiram fazer com que o menosprezo e a desinformação mudassem esse quadro ao nosso respeito.
Nos tornamos mais que nunca a' República das bananas' em tempos de 'macacos' como adjetivo. Pois é, a banana nossa santinha banana, de uns dias pra cá virou alvo de polêmica, ofensa, chacota, ironia. O que eu e você tem a ver com isso? Tudo e nada... Tudo quando sentimos na pele o escarnio de ver um compatriota ser agredido com gestos e ovacionado com bananas, alusão ao macaco, alusão que 'somos' macacos'... Com todo o respeito, macacos são dignos demais para ficar na boca e corações desa gente torpe. Gente que sem mais nem menos resolve pichar não só um Roberto Carlos, não só um Daniel Alves, não um Neymar, mas sim todos aqueles que a bandeira nacional deles guardam: Nós. Agora por que nada teriamos a ver? Simples, essa não é a visão que temos de nós mesmos! Não nos achamos macacos, não desdenhamos da banana tão pouco assumimos tal pecha. Nada temos com isso pois os que nos ofendem e atacam o fazem por pura ignorância. Preconceituosos natos são ignorantes por opção, pois vêm, sabem mas ignoram que raciocinar é digno do ser humano e nessa irracionalidade, quem mais se aproximma dos digníssimos macaquinhos são eles e não NÓS.


Nós podemos não ser; ainda; um país dos sonhos. Podemos ter mil e um defeitos e problemas, mas não damos o direito de que metam o dedo em nossas feridas. Dói, é feio, é chato. Nós; vira-latas; sabemos nos virar, sabemos fazer de nossas desgraças temas de carnaval e rir da própria dor. Nós não necessitamos que viremos piada alheia, pois quando isso acontece a vergonha é alheia e não nossa.
Nós não necessitamos ser estampados feito 'merdas' em camiseta alguma de grife holandesa, não necessitamos ser 'presenteados' com bananas por espanhóis fanáticos por futebol, nosso fanatismo é maior e tem na camisa amarela um motivo mais que nobre. Não merecemos 'pés na bunda' de belgas, nem palavrórios imbecis de revistas francesas. Não queremos americanos fazendo vídeos sobre nós enquanto seus cidadãso sobem os morros cariocas pra tirar fotos de Instagram... Oras, isto no mínimo é mal agradecimento.

Mal agradecidos são aqueles que vieram pra cá e encontraram uma terra fértil e hospitaleira enquanto fugiam das tiranias de um tal General Franco* (não é nem nunca foi meu parente). Mal agradecidos são aqueles que se refugiaram aqui vindo do horror da segunda guerra**. Mal agradecidos aqueles que venderam títulos de sua dívida pública pra fazer caixa e ter dinheiro enquanto a bolha imobiliária achatava o seu país.*** Deselegante aqueles que 'venderam' os direitos da Copa do Mundo' a quem podia comprar enquanto os ricos desabavam na incompetência administrativa que faliu seus lindos e nobres países.****

Não as merdas! Não as bananas! 
Não aos pés na bunda! SIMPLESMENTE NÃO.

caniseta da grife holandesa CoolCat, vendida em lojas na Europa com os dizer
'Merda' acima da bandeira brasileira. Camiseta pra Copa? Não. Ofensa de péssimo gosto.

Não também arrogância de 'Felicianos' da vida ao tratar as minorias com tons de apocalipse. Não ao pouco caso e a falta de generosidade de governantes como os de São Paulo que desdenham e riem da cara de Haitianos sem futuro, querendo a pátria brasileira como casa 'em pé' vindos de um país em escombros... Não. Mil e seiscentos nãos a ignorância e intolerância contra gays, negros, índios e mulheres no Brasil. Nãos retumbantes a 'elite' pensante deste país, que não vê que passamos de o 'pão  que o diabo amassou' para o status de 'o gigante que acordou'. Não a casuísmo eleitoreiro, não a gastança pública... Não a falta de escolas, hospitais... Não aos que bradam 'Não vai ter Copa'... NÃO! NÃO! NÃO!

Viralatinhas amigos, muitos de nós podem não crer que crescemos, mas SIM, crescemos e estamos naquela fase da adolescência onde as espinhas incomodam a beleza, onde os cabelos rebeldes enfeiam a face, onde o corpo moldado adulto ainda causa estranheza. Crescemos e aparecemos. Somos estranhos como nos primeiros dias de aula no meio dos veteranos. Chamamos atenção, mas somos ignorados ainda pelos nerds das primeiras filas. Temos notas razoáveis, mas tudo isso ainda é inicio de ciclo. Errar é humano e aprender também. O Brasil pode até estar sentado em berço esplêndido na alcunha de vira-lata, mas late forte, morde e põe medo a quem arromba os portões da ignorância e não nos deixa passar.
Para aqueles brasileiros que não acreditam que isso aqui esta dando certo:
'Beijinho no ombro e xô recalque!'
Para todos estes que nos chamam de 'macacos': 


É isso ai!

Paulo Franco

notas:
* Imigração espanhola durante a guerra civil nos anos de 1940 na Espanha
comandada pelo ditador General Francisco Franco;
** Imigração de refugiados europeus durante da segunda guerra mundial, principalmente alemães, holandeses, franceses, italianos e povos do leste europeu;
*** Referente a compra de tútulos públicos por parte do governo brasileiro junto as reservas dos EUA, fato que transformou o Brasil em credor do tesouro americano;
**** Relativo a deselegância do Secretário Geral da FIFA Jerome Valcke que disse que o Brasil merecia um 'ponta pé no traseiro' por conta de obras da Copa do mundo.



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