Reflexões

De repende 40

foto: Paulo Franco

"Quando acordar, acordarei com 40 anos.

Estranha sensação será por ter 40 anos e não me sentir nos 30 sequer.

Poderá parecer faltar tempo, coisas, sonhos por realizar, objetivos por cumprir, etapas a vencer. Não será assim que imagino ser, ter 40 anos.

Antes apenas me recusava a envelhecer.

Um estranho feitiço me impede de envelhecer.

Sinto-me como alguém que está sempre sóbrio.

Como se vivesse no meio do vinho mas nunca o bebesse.

Se calhar talvez beba de vez em quando.

Se calhar de vez em quando deva trocar a sobriedade pela audácia de não ficar sóbrio.

Peculiar forma de acordar esta.

De acordar e de viver. "

ブ ραulσσ ノ

22 setembro 2008

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O silêncio

Tenho adormecido a refletir sobre o silêncio, ou melhor, sobre os silêncios.

Cheguei à conclusão que existem muitas formas de silêncio.

O silêncio absoluto, conclui, não existe, pelos menos em vida.

Mesmo no espaço, onde à partida poderíamos pensar que não ouviríamos nada,

ouvimos sempre pelo menos o bater do nosso coração.

A experiência de um silêncio agradável leva me para momentos em que, na ausência de ruído, somos envolvidos por aqueles sons que normalmente são ignorados.

Leva me para um lugar afastado no meio do mundo, onde o silêncio é o som do vento na relva dourada de uma paisagem de verão, é o som dos pássaros que no céu se movem em direção à algum lugar, é o som que não vê mas sabe se que existem, sons que existirão mesmo sem sabermos, um trabalho de poeta, sendo portador de Sonetos de Amor .

Que maravilhoso silêncio o destes sons.

Mas existem mais silêncios.

O silêncio da solidão, no meio do barulho da multidão.

O silêncio da ausência de respostas.

O silêncio entre dois.

Fixo me mais neste último.

Nunca fui dos que achavam que quando duas pessoas estão juntas o silêncio por ausência de conversa torna se um embaraço,

que significa que já não existe nenhum tema entre eles, que se esgotou o tempo daquele encontro ou daquela relação.

Sempre achei preciosos os momentos de silêncio entre dois.

Momentos em que podia disfrutar de cada pormenor, onde podia saborear o detalhe de cada expressão, de cada contorno do rosto, de cada brilho do olhar, de cada tom da face.

Pareceu me sempre que o silêncio entre dois era mais o oposto.

Quando falamos apenas para nós próprios porque gostamos de nos ouvir, quando deixamos de ouvir o que o outro diz porque já estamos fartos, quando falamos circunstancialmente e nem nós próprios nos ouvimos, quando… quando ficamos distraídos e deixamos de ouvir a música para ouvir apenas os ruídos.

Esse sim é o silêncio que me assusta.

Mais silêncios houveram.

Adormeço ao tentar fazer uma compilação de silencios...

Peculiar forma de adormecer esta.

De adormecer e de sentir saudade.

Eu sinto e muito.

ブ ραulσσ ノ

22 setembro 2008

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˙˙·٠•● "eU sOu a LeNdA ☠ eU nÃo PrEsTo" ●•٠·˙˙

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