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21 de maio de 2010

Somos vira latas?


Acompanhando atento o que esta fazendo
a diplomacia brasileira ao interagir com o Irã
e todas as reações contrárias das
super potências, uma crônica que ouvi hoje logo ao despertar,
deu-me mais razões para acrditar no que já suspeitava.
Somos então...


Vira-latas com muita honra!
(Alexandre Pelegi)

Uma frase famosa de Nelson Rodrigues dizia que o brasileiro é um povo
que sofre do complexo de vira-lata.
Polêmico, era este seu estilo de apontar uma incômoda verdade:
temos vergonha de nós mesmos, de nossas raízes, de nosso passado.
Em resumo, nos sentimos menores que os outros...
Mas sejamos justos: Nelson disparou esta frase de olho nos gramados de futebol,
às vésperas da decisão da Copa de 1958 contra a Suécia.
O fiasco de 1950 em pleno Maracanã pairava sobre o país.
Nelson, apesar disso, era voz dissonante e insistia em dizer que éramos os melhores,
mas nosso complexo canino nos impedia de enxergar e assumir esta verdade.
Nelson apostava que daquela vez tudo seria diferente,
apesar de muitos brasileiros vira-latas acreditarem no fracasso.
Como se sabe, Nelson acertou em cheio: nossos briosos jogadores deram uma tunda nos louros suecos
que marcou para sempre a história do futebol mundial.
Se Nelson Rodrigues acertou no principal, errou feio no exemplo que usou.
Só quem conhece animais para saber o valor formidável de um vira-lata.
E o que eram, afinal, nossos craques senão os mais puros representantes dessa raça
cuja definição está exatamente em não ter definição alguma?
Enquanto louros suecos exibiam a pureza de sua raça nórdica - branca, celta, européia, caucasiana -,
nossos atletas desfilavam a mais estranha, explosiva e criativa mistura de raças e etnias.
Em cada um dos nossos era possível perceber pedaços de europeus atados e costurados em perfeita harmonia a nesgas de índios e africanos.
Éramos, como somos ainda hoje, o fenótipo resultante de uma intensa miscigenação.
Éramos legítimos vira-latas!
Como tal, o negro Pelé mostrou aos rígidos suecos a malemolência do samba trazido da mãe África.
O mulato Didi, com sua folha-seca, ensinou ao mundo a magia apreendida de pajés indígenas
e pretos velhos escravos.
Gilmar, altivo e imponente, simbolizou com suas mãos brancas a negação do racismo,
 como ideal de defesa de uma pátria de todos.
Ao contrário do que acreditava Nelson Rodrigues,
vencemos porque nos descobrimos e nos aceitamos vira-latas...
Esta a lição que o futebol nos traz.
Como os animais, vencemos toda vez que aceitamos o que nossas raízes e tradições determinam.
Só um povo que respeita e preserva sua identidade cultural
 pode assumir e demonstrar as qualidades maravilhosas desses animais.

Vira-latas, com muita honra!
 
  ˙˙·٠•● "eu sou a lenda ☠ eu nÃo presto" ●•٠·˙˙™ 

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