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10 de junho de 2009

40 anos de Stonewall

A 13ª Parada do Orgulho Gay de São Paulo acontecerá neste domingo dia 14. Marcará mais um grande evento de proporções gigantescas, tal como vem acontecendo nos últimos 5 anos.
Se a cidade que tem a maior de todas as concentrações Gay do mundo, tem também um número cada vez maior de contrários. Tumulto; bagunça; falta de lema; micareta... eu poderia dar uma outra série de motivos alegados por aqueles que não concordam com o evento. Mas falar o que?
Eu participo desde os anos 90 e vejo sob outra ótica.
Até concordo que uma falta de propósito toma conta da organização, mas o fato da popularidade ter alcançado tantos segmentos, torna tudo mais difícil mesmo.
Não importa fazer coro para os contrários, eu não sou um, pelo contrário eu vou e adoro!


Mas como toda a concentração tem um fundo e essa estória de Parada Gay não é uma invenção, vou contar como tudo começou...

40 anos de Stonewall


O Bar

Stonewall era um bar frequentado por gays e travestis em Nova York no final da década de 60 que se destacava dos outros por permitir que os casais de mesmo sexo dançassem à vontade.
É claro que, como todos os outros bares gays da cidade, Stonewall estava sujeito a ocasionais batidas policiais sob um pretexto qualquer - geralmente por falta de licença para vender bebidas alcoólicas.
Durante essas batidas, os policiais além de fechar o estabelecimento, curiosamente, levavam presos todos os homens ou mulheres que estivessem travestidos.

O Dia

No dia 28 de Junho de 1969 o bar Stonewall foi local de mais uma batida policial - mais uma vez sob a alegação de falta de licença para a venda de bebidas - e todos os travestis que se encontravam no bar foram recolhidos.
Mas, ao contrário das outras vezes, as pessoas que foram liberadas pela polícia resolveram resistir - em solidariedade aos que foram presos - e não arredaram mais os pés dali.
O clima foi ficando cada vez mais tenso. Gays e lésbicas de um lado e policiais do outro.
E travestis, presos.

Deu no Village

Trecho do Village Voice. "De repente, o camburão chegou e o clima esquentou. Três das mais descaradas travestis - todas em drag - foram empurradas para dentro da viatura, junto com o barman e um outro funcionário, sob um coro de vaias da multidão.
Alguém gritou conclamando o povo a virar o camburão.
Nisso, saía do bar uma sapatona, que começou uma briga com os policiais. Foi nesse momento que a cena tornou-se explosiva. Latas e garrafas de cerveja começaram a ser atiradas em direção às janelas e uma chuva de moedas foi lançada sobre os tiras..."

A Rebelião

Quando viram a multidão enfurecida, os policiais se refugiaram dentro do próprio Stonewall para se proteger da cambada lá fora que começava, literalmente, a pôr fogo no bar. Acuados, os tiras apontaram extintores e mangueiras, jogando água em direção à multidão furiosa. Logo depois chegaram reforços policiais que tentaram dispersar o grupo rebelde.
Mas de nada adiantou: o pessoal não saiu dali e voltou a se agrupar para vaiar os policiais atirando pedras, tijolos, garrafas e colocando fogo nas latas de lixo.
Quando finalmente conseguiu acalmar a situação, a polícia voltou para a delegacia com um saldo de 13 presos.

A Luta Continua

No dia seguinte os policiais voltaram ao bar. Mas a multidão de gays, lésbicas e travestis também voltou mais organizada, com uma atitude mais política, e alguns começaram a pichar frases nas vitrines e nas paredes, reclamando direitos iguais.
Outros gritavam exigindo o fim das batidas nos bares gays.
Novamente a multidão atirou pedras e garrafas em direção aos policiais e novamente a polícia investiu contra os manifestantes.
No terceiro dia, um domingo, as coisas pareciam ter voltado ao normal e o bar Stonewall foi reaberto.

Seus clientes habituais voltaram, a polícia os deixou em paz por um tempo e os jornais acabaram se ocupando de outros assuntos.

O Orgulho
Gay


Mas na verdade tudo havia mudado. A partir daquele dia aqueles gays lésbicas e travestis sacaram que nunca iriam ser aceitos pela sociedade se ficassem apenas esperando e dependendo da boa vontade da sociedade.
A rebelião mostrou a eles que a atitude que deveria ser tomada era a do enfrentamento.
O discurso mudou. Nada mais de pedir para ser aceito: era preciso exigir respeito.

Foi assim que nasceu o Dia do Orgulho Gay coincidentemente, no mesmo dia em que morreu Judy Garland, ícone máximo da comunidade gay que, em "O Mágico de Oz", sonhava com um mundo melhor, além do arco-íris.



♦♦♦♦♦♦♦♦

Pois é, tudo isso se deu em 1969, um ano depois de eu ter nascido. Eu nem fico surpreso se alguém disser que nem sabia dessa história, afinal ser viado hoje em dia é bem fácil. As boates pululam por todas a partes, a liberdade mesmo que velada existe, respeito também. Gay é cultura pop, esta na Globo. Artistas dizem que amam...
Ter se aceito na década de 80 no Brasil do terceiro mundo foi outros 500. Aqui a policia fazia batidas na porta da extinta HS, na Rua Marques de Itú, não existia a Vieira de Carvalho com é hoje, nem o Autorma, nem nada...
Andar de mãos dadas na Paulista...impensado. Jovens morriam espancados por Skinheads na República, pais e mães expulsavam seus filhos de casa por simplesmente amarem outros homens. Enfim ser Gay hoje é muito, mas muito mais fácil.


Sendo assim, quando você menino ou você menina for ferver na Paulista neste domingo... Pense:


"Vou me divertir, vou ferver, vou namorar, mas sobretudo vou festejar as conquistas de veteranos que antes de mim deram a cara a tapa pra isso tudo acontecer. "
BOM FERVO!

Paulo Franco

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